sexta-feira, agosto 19, 2011

A vida à vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no ultimo minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar alguém a avisar que a brincadeira já acabou... Afinal a vida acontece muito de repente... e, de repente o mundo tem o cheiro terrível das despedidas... sim as despedidas tem cheiro para mim, e não é bom, tipo chá -de-caxinde, ou plantas a darem ares duma primeira respiração da frescura da manhã, entre silêncios e cacimbos molhados.

Não, não gosto de despedidas porque elas têm esse cheiro de amizades, que se transformam em recordações molhadas com bué de lágrimas. Não gosto de despedidas porque elas chegam dentro de mim como se fossem fantasmas mujimbeiros que dizem segredos do futuro que nunca pedi a ninguém para vir soprar no meu ouvido.

(texto adaptado de “Os da minha rua” Ondkjaki)


terça-feira, julho 19, 2011

Foi assim que de um mundo que resolveste esquecer, e alhear-te... e, num País que não era o meu... que voltaste por momentos, apertaste-me a minha mão, com toda a força existente em ti... olhaste-me com um brilho, com uma ternura que tanto quis dizer ... durou pouco , voltaste a refugiar-te no teu mundo... ficámos então assim de Mão na Mão... Pensei que iria partir, sem dares mais por mim... mas, num ultimo beijo disseste-me ao ouvido palavras que infelizmente não consegui perceber... Sabes, não entendo tão bem assim o Catalão... no entanto elas ficaram, e marcaram -me para sempre.
Em mim... é assim que te guardo! Obrigada, por teres vindo ao meu encontro naquele momento...
Agora, sei que me sorris... sei o que me querias dizer... pois no lugar para onde foste não há barreiras linguísticas... Até breve.

segunda-feira, março 21, 2011

(...) As pessoas não sabem, mas o nosso cérebro tem cavernas e grutas marinhas por onde passam correntes de mar com sabor a lágrimas. Mar com marés altas e baixas ao ritmo do bater do coração. Tem nascente e foz, num fluxo ininterrupto.
in "Vida em mim" - Nuno Lobo Antunes

E foi por aqui que andei... "entre cavernas, grutas marinhas, e mar com sabor a lágrimas..." mas... e, há sempre um mas... os amigos pediram-me para voltar, para alguns este blog foi um lugar de encontro e estreitar de laços, do conhecer de novas emoções e sentimentos... com o bater do coração ao ritmo da maré alta, da emoção maior... não tinha o direito de lhes negar isso... e assim aqui estou de novo.
Obrigada...tu sabes...eu voltei ... por ti!

quinta-feira, novembro 04, 2010

Até um dia!

(...) Há pouco veio falar-me, com os olhos radiantes, de um passarinho que tinha entrado na sala.Depois de algum tempo voltou, dizendo que estava morto.

- Morreu – Diz ela com os olhos inocentes de quem ainda não sabe o que é a perda e separação. – E nós plantámo-lo na terra!

.............................

Depois entregámo-nos cada uma à sua ocupação.

...............................

Cúmplices silenciosas, não temos dúvida: no jardim vai nascer uma árvore de passarinhos.

E quando soprar um vento forte, vão espalhar-se sobre os telhados, as árvores e as núvens, e as cabeças dos incrédulos, que nem se vão interessar por saber de onde veio aquela revoada miraculosa.

Lya Luft in Pensar é Transgredir

Mas eu sei... e, vou limitar-me a olhar a árvore e vê-los voar... trazendo no bico os teus poemas belos... o teu sorriso... o teu olhar, e, com eles virá de certo uma Joaninha até um dia!

quinta-feira, outubro 07, 2010


“Eles pertencem à insignificância, e o insignificante existe sem verdade, sem realidade, sem segredo, mas é também ,talvez, o lugar de toda a significação profunda.” Maurice Blanchot

As cores maravilhosas do Outono, chamam-me sempre com uma voz que apesar de envolta em nevoeiro, me trazem momentos em que se torna imperativo estancar a vida, e, não deixar o quotidiano escapar-me entre os dedos... termos uma máquina fotográfica nas mãos dá-nos um poder de prisão sobre esse quotidiano que escorre como chuva... um poder insignificante mas ao mesmo tempo poderoso.

Voltei...como prometi no Outono...tentando trazer esses momentos.

Fotografia tirada da janela da minha casa

O texto foi inspirado em algo que li da Inês Pedrosa em Cartas a Uma Amiga

quarta-feira, agosto 04, 2010

Esta foto foi tirada algures na praia de Almograve, numa madrugada de Setembro. Hoje ao revê-la, a imagem de uma Amiga e, a saudade da sua presença ganhou forma; tentei entender o porquê... na altura, lembro-me de ter pensado nela... foi então que o "clique" veio... neste colar feito de gotas de orvalho numa teia de aranha... estava ali a sua presença... o seu olá... e, eu não tinha estado atenta aos sinais...


"Não te entristeças com as despedidas, o adeus é necessário antes de nos encontrarmos de novo. E um reencontro após uns momentos ou uma vida inteira é certo para os que são amigos"
Richard Bach in Illusions

Hoje o meu espaço entrará de férias... voltarei, ou não... com a chegada do Outono. Continuarei visitando sempre que puder os vossos lugares onde me sinto tão bem... Até um dia!

sexta-feira, julho 02, 2010

"Eterno é tudo aquilo que dura uma fracção de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata" Drummond de Andrade

Chegou nessa tal fracção de segundos... abriu as suas asas... mostrou-me as suas cores maravilhosas... petrificou-me e, não... nenhuma força jamais resgatará esse momento.

foto :algures na Serra de Sintra